Concertos, ecologia, juventude......

No primeiro dia do Alive! em Algés, fiquei impressionado com o número de carros estacionados perto dos edifícios da antiga Docapesca. Estava um alta confusão, carros em cima de passeios, da relva, em todos os cantinhos difíceis de imaginar. A grande maioria eram jovens, muitos deles com ar de revolucionários e tal. Lembrei-me de como era quando era adolescente... as excursões de mochila às costas, geleiras com comida e bebida, tendas e transportes públicos. (Desde que trabalho aqui no Seixal o número de jovens de mochila às costas a caminho do festival do Avante! diminuiu brutalmente). Não quero entrar em moralidades, e em discursos do género "no meu tempo é que era" mas é possível ter prazer, curtir um concerto, boas malhas com um mínimo de consciência. O concerto era mesmo ao lado de uma estação de comboios!

Ao tomar o pequeno-almoço ouvi na ant3na que a Delta tinha muitas preocupações ambientais na organização do festival Delta-tejo. Pensei no caso do Alive! e pensei em articulação com transportes públicos (carreiras mais tardias, para mais locais, etc.), promoção da não-utilização de transporte individual, para além de outras medidas e fiquei atento. Falou o vice-presidente da Delta que andaram a investigar uma maneira de retirar a membrana plástica dos pacotes de açúcar e torná-los bioedgradáveis e terem utilizado papel recíclado na publicidade..... enfim, coisas boas, mas as cenas mais fáceis, básicas e baratas nunca são implementadas!!!

(parece uma discussão que tive com um senhor que foi fazer uma demonstração lá em casa, sobre a redução de emissões poluentes. Dizia ele que o que eu pretendia, a redução da utilização de automóveis era irreal, quase utópico. Deu o exemplo de que um senhor no norte do país inventou um aparelhómetro que instalando no motor de um automóvel reduzia para metade o consumo deste. Rematou com um "épá, era o estado a pagar a produção disto e colocar em todos os automóveis. Isso são medidas concretas e sérias". Fiquei com cara de enterro e disse que se cada uma das pessoas desse boleia a outra reduzia o consumo para metade. Isto é utópico?? E eu é que sou burro??)

Entretanto, ainda na Ant3na a locutora Cláudia Semedo queixou-se de que no Alive! viu-se desgraçada para estacionar o seu pópó. Escusava de ter ouvido um "havia uma estação de comboios mesmo ali ao lado" do seu colega José Mariño. Lá se desculpou, de que de onde vinha não havia estações de comboio, e de que à noite é tramado para uma rapariga andar sozinha na rua, e de que não tinha arranjado companhia. eheh Gosto muito da Cláudia Semedo, gosto da sua voz. Se quiser companhia, arranja-se uma bicla! ;o)

Pensei num projecto interessantíssimo. Fornecer um serviço de estacionamento gratuito e seguro para biclas em concertos recebendo em contrapartida a promoção da utilização de bicicletas no anúncio do concerto......a associação começa a ter pernas para andar!!


5 comentários:

Miguel Carvalho disse...

Oficialmente (e na prática) já não sou teenager há 11 anos, mas não deixei de ir ao Alive.

Devo dizer que até houve um esforço para integrar o transporte público no festival. Houve vários comboios e autocarros extra. (Um à parte sobre a CP com a sua habitual gestão de merda - não há outra palavra como já tantas vezes escrevi no menos1carro. A CP quis cobrar entradas para o comboio às 3h da manhã.. havia uns 10 revisores a controlar as entradas... e só uma máquina e um guichet de venda aberto!)

O problema passou mais pelos adolescentes dependentes do seu popó...

Gonças disse...

Boa. Já é uma evolução.
Em relação aos bilhetes do comboio: Não há alguém que tenha os valores concretos e saiba calcular quanto custaria manter uma rede de transportes públicos gratuita em Lisboa? Com o que se poupava em controlo/bilhetes, e sabendo dos prejuízos da Carris e CP, quiçá uma parte dos impostos sobre os combustíveis/automóveis não custeavam tudo isto!
Para além da vantagem óbvia de ter transportes gratuitos!

Miguel Carvalho disse...

Eu sei que o sistema de transportes de Lisboa é muito caro.. Não me lembro de valores, mas é uma coisa ainda bem pesada.

A questão fundamental é... quem é que pagaria? E faria sentido pagar os transportes aos alfacinhas e tripeiros em vez de dar dinheiro ao interior?

Ainda há outra questão... mesmo os transportes públicos têm grandes custos ambientais e sociais. Não é algo que deva ser promovido. O automóvel é que deve ser muito mais penalizado.

Agora meio a sério meio a brincar.. mesmo que o dinheiro chovesse, não sei se transportes gratuitos ajudaria. Num país em que andar de carro serve em primeiro lugar para mostrar que se tem dinheiro (qtas vezes já me perguntaram se era por não ter dinheiro que não tinha carro), e onde as pessoas vão aos hospitais privados mesmo quando sabem que na questão em causa são piores, o utilizar um serviço gratuito seria mal-visto

Gonças disse...

Sei...doença de pobre...de mentalidade!

Miguel Carvalho disse...

novo-riquismo tardio