Eis um pequeno resumo do balanço final deste livro que reflecte o nosso comportamento na estrada:
- Portugal destaca-se no seio da UE, tanto pelo elevado número de mortos assim como pelo considerável número de feridos resultantes de acidentes rodoviários;
- Esta situação é particularmente grave no caso dos peões, motas e pesados de passageiros e mercadorias;
- A população portuguesa mostra preocupação com este facto, mas não tem uma visão realista dos números envolvidos (mortos e feridos), nem sequer uma aproximação da realidade.
- De um modo geral, a condução na cidade é um factor de stress e de irritação que apela à ideia de "selva" e que provoca comportamentos de "salve-se quem puder";
- Por outro lado, conduzir fora da cidade provoca sentimentos de liberdade e confiança que contribuem para a atenuação da importância do risco, potenciando a velocidade exagerada;
- A velocidade em excesso é a transgressão que os condutores portugueses mais admitem transgredir e que, num mecanismo de evidente desculpabilização, não é destacada como potenciador de perigo;
- Um aspecto que sobresai nos estudos diz respeito à auto-imagem fortemente deformada que os condutores portugueses projectam de si próprios, vincadamente associada a uma elevada cullpabilização externa dos acidentes;
- Estes dados comprovam que somos um povo com uma forte tendência para a adopção de mecanismos de desculpabilização, encontrando no exterior de nós próprios (nos "outros", no Estado ou na Providência) as razões dos nossos infortúnios;
- As autoridades rodoviárias são mais percebidas como o "inimigo" que nos espreita e que é gratificante ludibriar, do que alguém que está no terreno para nos proteger, prevenindo as situações de acidente, dissuadindo os faltosos ou punindo os infractores que colocam em risco a nossa segurança;
- Estamos longe do paradigma britânico, em que os cidadãos se sentem na obrigação de colaborar com a polícia com vista à diminuição da sinistralidade e mais próximos do povo francês que vê essa colaboração como "delação";
- A ideia de ineficácia da polícia prende-se com a ausência de controlos sistemáticos e permanentes;
- O controlo intermitente e esporádico dos condutores aumenta nestes o sentimento de impunidade nas suas trangressões ("arriscar compensa") ao que acresce a brandura do actual sistema de penalizações, que comparado com o do Reino Unido tem multas de montante reduzido e a perda do direito de conduzir é relativamente pouco generalizada;
2 comentários:
Como consigo obter uma versão do livro
Viva..na wook por exemplo: http://www.wook.pt/ficha/porque-nos-matamos-na-estrada/a/id/78619
abraço
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