A aranha e a estrela do mar

Um livro muito bom que explora as diferenças entre organizações com e sem lideranças hierarquicas.
É uma àrea que estou a aprender a gostar....um dragão que estou aos poucos a deixar de alimentar e começar a dançar!

A aranha representa a organização hierarquica à qual estamos habituados, com um sistema nervoso central do qual o resto depende. Cortas a cabeça à aranha todo o corpo morre. Já a estrela do mar é composta por vários orgãos que têm autonomia entre si. Cooperam para viver como um todo, mas se cortares uma das patas ela sobrevive, e até nasce outro ser da pata cortada. É um organismo extremamente resiliente.

Estes sistemas encontram-se em aldeias comunitárias, células anarcas e em algumas organizações grass-roots!

Na sociedade ocidental, todos duvidam que este sistema funcione, mas na verdade é pq assentamos em premissas win-loose. Em tudo o que mexemos tem de haver um vencedor e um perdedor! Uma organização estrela do mar tem bastante fé nos chamados catalizadores: Pessoas que tendem a ter competências relacionadas com a cooperação muito desenvolvidas e que normalmente facilitam movimentos comunitários.
Estas pessoas costumam partilhar, entre outras, algumas destas ferramentas:
1.Interesse genuíno nos outros;
2.Variadas ligações soltas, em vez de um pequeno número de ligações fechadas;
3.Competências no mapeamento social;
4.Desejo em ajudar quem conhecem;
5.Habilidade em ajudar as pessoas a ajudar-se a si próprias, ouvindo e compreendendo em vez de dar conselhos. (conhecer as pessoas onde elas estão) ;
6.Inteligência emocional;
7.Confiança nos outros e em redes descentralizadas;
8. Inspiracionais (para outros).
9.Tolerância para a ambiguidade.
10. Aproximação hands-off. Catalizadores não interferem com, ou tentam controlar o comportamento dos membros contributores de uma organização descentralizada.
11.Habilidade em deixar rolar. Depois de construir uma organização descentralizada, os catalizadores continuam para outra em vez de tentar controlar.

Para que estas organizações funcionem existem 10 regras:

1. Deseconomias de escala - pequenas empresas têm mais poder;
2. Efeito de rede - casa pessoa que apareça torna a organização mais forte;
3. O poder do caos;
4. O conhecimento está na margem - Informação sobre a organização é aberta para toda a gente;
5. Toda a gente quer contribuir - colaboradores auto motivados;
6. Ter cuidado com a "hydra response";
7. Catalizadores são COOLS;
8. Os "valores" são o coração de cada organização ou rede;
9. Medir, monitorizar e gerir;
10. Horizontaliza, ou serás horizontalizado!

...a continuar...

4 comentários:

CEBE disse...

Obrigado pela deixa Gonçalo. Vou ver se arranjo para ler. Na MUBi faz falta educarmo-nos sobre isto!

Abraço!

Gonças disse...

Boa...tiveste um momento AHA!

Faz falta em tanto lado, mas na MUBI faz muito sentido....posso ajudar com algumas ferramentas, que apesar de não dominar, começo a ter alguma experiência como catalizador...

É tudo uma questão de dançarmos com os nossos dragões ;o)

Abraço

CEBE disse...

Felizmente estou sempre a ter momentos AHA! :)

Já comecei a ler o livro e estou a desbravá-lo aos poucos. Mais uma vez, obrigado pela dica!

De facto, a MUBi é de caras um exemplo de organização que se pretende estrela-do-mar. Neste ano em que tenho andado mais activo por lá, tenho pensado muitas vezes sobre como conseguirmos implementar uma organização do género. Não tem sido nem é trivial, acho eu, por várias razões:

1- Se à partida todos partilhamos as "ferramentas" 1, 2, 4, 7, 9, 10, 11 que mencionas dos catalisadores...faltarão competências para usar as "ferramentas" 3, 5, 6, 8.

2- Se já se cumpre, por princípio e com eficácia q.b. as regras 2, 3, 4, 5...temos ainda grandes problemas em conseguir seguir a 9 - medir, monitorizar e gerir.

...Isto para falar do que me chama a atenção, não tendo ainda acabado o livro.

A regra 9 parece-me fundamental, talvez por (de)formação, porque sem ela não se consegue "subir de nível" na actuação da associação. Em última análise, eu vejo a MUBi como uma tentativa de estruturar as aspirações de algo totalmente estrela-do-mar como é a MC, por forma a fazer acontecer coisas que não são possíveis de serem feitas no âmbito de um evento ocasional. Periódico, é certo, e que tem agregado uma certa comunidade estrela-do-mar, mas limitado porque acaba por ser efémero - perdendo-se muitas vezes os esforços e motivação inegáveis por não haver continuidade e a tal medição, monitorização...

Não sei se me faço entender. Isto é um assunto que me fascina particularmente, acho que como civilização já está na hora de encontrarmos soluções para nos governarmos sem ser com o proverbial chicote ou cenourinha à frente do nariz. Deixa-me acabar de ler o livro, mas em todo o caso convido-te a botar uma mão na MUBi com essa tua experiência que vais adquirindo.

É irmos trocando impressões, it takes 2 (e 3, 4, 5...) to tango! :)

Gonças disse...

Tens de pensar numa estrutura híbrida...talvez uma Aranha com partes estrela-do-mar!
Falei com o Bruno e a Ana sobre isso e até tive para aplicar uma ferramenta num projecto que vamos apresentar...mas é extremamente difícil...é mesmo preciso mais do que 1 para dançar o tango!