Living car-free

Aconselho a leitura do testemunho deste americano que vive há 7 anos sem carro. A maneira como começou, as dificuldades e os avanços e em especial o sentimento que tem ao pegar na bicla é um pouco como o que me está a acontecer. Quem me conhece sabe o gosto que tenho em andar de mota, mas ela vai estando parada às semanas e por vezes meses. Gosto de conduzir, mas fazer o percurso trabalho-casa é cansativo para não dizer "parvo". Ir de bicicleta, dá-nos tempo para acalmar, pensar, ler, ouvir música com atenção, dormir, reparar na cidade, nas pessoas, sentir o tempo, etc..
----
O Copenhagenize mostra-nos uma campanha contra a histeria do capacete que está a começar tb a afectar a Dinamarca. Segundo esta campanha, os peões têm um risco maior do que os ciclistas em ter um traumatismo craneano por isso propõe em tom irónico que se use o capacete em todas as ocasiões. (o ciclista nem tem que tirar e por o carolo ao sair da bicla!).
----
A malta da SIC está a começar a andar de bicla para o trabalho. Ainda têm algumas pre-concepções de quem não costuma andar no dia-a-dia, mas têm uma vontade enorme e estão a conseguir pôr a malta a pedalar e isso vale por tudo o resto!
Parabéns.

14 comentários:

um homem na aldeia disse...

Partindo do ponto que aceitemos que todos temos pré-conceitos, quais são os nossos preconceitos?

Gonças disse...

Coisas básicas, muito simples, normalíssimas de lineu.

Quase nada comparado com o facto de irem para o trabalho de bicla!

e caio sempre no risco de generalizar...andem todos os dias e irão descobrir!!

Força...

um homem na aldeia disse...

Acabou que não disse nenhuma coisa...
E o que o leva a pensar que não há já quem já venha todos os dias para a SIC de bicicleta e há bastante tempo.
O blog é só para que esse número aumente.

Gonças disse...

Tanta agressividade!!
Take it easy...andar de bicla costuma relaxar!!

Ainda bem que há quem ande todos os dias e há bastante tempo...sempre felicitei este facto!

Se quer saber referi-me ao facto de não terem ido pela marginal por não estrem equipados...sem luz (muito bem) e por não ter capacete (????)...

um homem na aldeia disse...

Desculpe se transpareceu agressividade pois essa não foi de todo a intenção.
Quando ao preconceito sobre o uso ou não de capacete, não sei de que lado ele, o preconceito, estará.
Eu uso, e já me salvou o escalpe numa queda provocada por uma condutora, digamos, mais agressiva.
Embora no dia que refere a falta do dito ter sido por parte da minha companheira de route, considerando essa pessoa (como eu, aliás) o capacete um elemento de segurança essencial, não vejo como isso possa ser razão "preconceituosa".
Sequer defendo o uso do capacete de forma compulsiva, mas não defendo de todo que a escolha pessoal de o usar seja por seu lado razão de segregação.

Gonças disse...

Está desculpado, obviamente.

Pode usar o capacete e se o faz convicto, acho muito bem. Mas numa perspectiva de promoção da utilização da bicicleta, a "histeria do capacete" é um conceito contra-producente.
Este conceito do capacete como o supra-sumo da protecção (e se salvou o seu escalpe é uma questão que levaria aqui muito comentário...) é mais que comum, e está tão enraízado que parece nascer connosco. Mas a verdade é que inconscientemente conota o simples acto de andar de bicicleta na cidade com uma actividade de risco.

Daí ter chamado "pré-conceito", é quase um dogma do ciclismo.
Não sou contra o uso do capacete, mas sim contra esta ideia de que sem capacete não há bicla!

Se reparar nos países onde mais se pedala menos os ciclistas sentem a necessidade de usar capacete para a sua segurança! E nos países onde se tornou obrigatoria a utilização do carolo, o número de ciclistas diminuiu...

Creio que esta questão é acessória comparado com o que têm feito e bem, que é promover a utilização da bicla, mas pode ser uma questão a ponderar. (não quero que deixem de utilizar capacetes, mas talvez pensar num grupo de pressão caso tentem passar uma lei de obrigação do uso...)

Convido-vos a consultarem o fórum da ciclo-via.org onde se poderá discutir estes e outras questões relacionadas com a promoção da bicla. http://www.ciclo-via.org/forum

Boas pedaladas.
Abraço

um homem na aldeia disse...

Acho que nunca devemos menosprezar a nosso própria segurança, porque desse modo estamos a salvaguardar a segurança de todos. Posto isto, em relação ao capacete os únicos dados que relacionam o uso do capacete e as lesões provocadas por quedas graves de bicicleta, dizem que a maioria das lesões afectam a cabeça e a taxa de consequências graves é altíssima nos ciclistas que não levavam capacete comparativamente com os que o usam.
Se esta informação levar as pessoas a usar capacete ou a ser produzida legislação que obrigue ao seu uso, isso é outra conversa. Se as pessoas se afastam das bicicletas por não quererem usar capacete, essa é ainda outra conversa.
Agora o que não podemos é adoptar comportamentos que são ideais em realidades muito dispares da nossa.
Nem na Holanda, nem na Dinamarca se vê muitos capacetes, mas comparar a "selva urbana" desses países com a nossa é não ter a noção dos perigos que uns e outros encontram quando circulam de bicicleta.
Há uns anos o capacete passou a ser obrigatório na condução de motociclos e houve muita resistência, mas a verdade é que a probabilidade de salvar a vida num acidente é maior. Ou não é?
Se não conhecer, aqui fica alguma informação. Se já conhecer, óptimo.
http://www.bhsi.org/stats.htm
http://www.bhsi.org/walkerstudy.htm

Gonças disse...

Hum...estudos americanos...humm...

"Non-helmeted riders are 14 times more likely to be involved in a fatal crash than helmeted riders"

pois...posso dar-lhe mais links, informação não falta, depois só temos que "processar" o que nos dão.

Filtro-lhe já muita "treta" e apresento-lhe Ian Walker (http://www.drianwalker.com/work.html) pois tem uma visão muito "objectiva" e "isenta" da coisa. Ele não consegue provar se o capacete salva ou não vidas, apesar de concordar que se tivesse que levar uma martelada era com o capacete colocado que se sentia mais confortável!

A questão é que toda a gente coloca carapaças à volta do corpo, veste-se como uma arvore de Natal mas "mexer" onde se deve (mudar maus comportamentos, etc.) fica sempre para trás.

Quando falei em cidades com muitos ciclistas pq pensou logo nos países nórdicos? pq é a desculpa número um!! Eu posso falar-lhe da China por exemplo, e lá o trânsito é BEM MAIS CAÓTICO!

A lei do cinto tb veio diminuir o número de mortes (de condutores) em acidentes, mas aumentou o número de mortes de acompanhantes! Quanto mais protegido, menor a sensação de perigo e maior o comportamento de risco...a ANSR apresenta relatórios espectaculares de melhoria do número de mortes no nosso trânsito (não por melhorias comportamentais, mas por melhoria dos sistemas de protecção!) mas o número de atropelamentos em passadeiras está a aumentar brutalmente!!

Não se iluda, mas se preferir use sempre o capacete...não vai ter maior defensor da sua liberdade do que eu...mas não me venham dizer que tenho de usar uma coisa de plástico na cabeça para o senhor da lata com rodas não me matar!

os melhores cumprimentos

http://www.ciclo-via.org/forum/34-material/673-capacete-ter-ou-nao-ter-eis-a-questao

um homem na aldeia disse...

Viu, mas não com suficiente atenção...

Foram palavras suas que foram buscar exemplos de outros países. Fala-me da China... não me diga que os estudos sobre a China (não conheço) são mais fiáveis que os vindos da terra do tio Obama (este sitio que lhe enviei tem-nos referentes a vários países, muito aqui do nosso lado)?

Tanto quanto sei, só lá para os lados da Austrália e Nova Zelândia é que lhes deu para obrigar.

A Holanda não é um país nórdico e a Dinamarca tem uma situação destinta do resto da Escandinávia. Na Finlândia e na Suécia o uso do capacete é mais comum e menos "problemático".

Mas deixe-me recolocar a questão, foi daí que veio a palavra preconceito e repito que não quero obrigar ninguém a nada muito menos a fazer algo como usar um capacete de plástico feio como são a maioria dos por aí se vêem, incluindo o meu (um MET vermelho).

Em relação à carapaça, convenha que a cabeça é um nadinha mais sensível que o resto do corpo...

Enfim, usar um capacete e proteger algo melhor a matéria cinzenta que orgulhosamente transporto entre as orelhas é algo que faço facilmente, já mudar mentalidades... leva o seu tempo. Entretanto...

Gonças disse...

Quando falei da China falei da não-necessidade de utilizarem capacete, apesar do trânsito caótico! (têm o factor massa crítica que ajuda...lá está quanto mais gente a circular mais segurança).

A cabeça é sensível e poderosa ;o).
Use capacete, até o aconselho a usar luvas...as mãos são a zona do corpo mais irrigada e cuja pele tem o maior tempo de cicratização de todo o corpo...e é uma zona do corpo extremamente útil e é logo a primeira que o vai defender de uma queda.

Mais uma vez digo, não sou contra a utilização do capacete, mas o facto de não se pegar numa bicicleta pq não se tem capacete, para mim, é histeria.

Qual seria o sucesso dos sistemas de empréstimo de bicicletas se o uso do capacete fosse obrigatório?

Cá em Portugal já houve várias propostas de lei para o tornar obrigatório, assim como estão a tentar fazê-lo na Dinamarca, e aos magotes nos States.

Um abraço e boas pedaladas. Espero que encontremos por aí...eu tenho um MET castanho claro, ou beje ou creme, sei lá a cor daquilo...

um homem na aldeia disse...

Mas eu não me canso de dizer que não sou a favor da obrigatoriedade!
Informe-se lá bem e vai ver que as obrigatoriedades que por ai andam são para menores. Além de cada caso ser um caso, quem me dera que os tipos de São Francisco da Califórnia pudessem votar em Lisboa...
Só não concordo com o que escreveu neste seu post que seja um preconceito pedalar pelo passeio da Marginal porque não se levou o capacete.
E claro que uso luvas. É muito mais confortável com luvas que sem luvas.

Gonças disse...

ok pronto...como deixas de andar de bicla na estrada por não teres capacete... passa a ideia de que é uma actividade de tal maneira arriscada que...

Não queria levantar tanta poeira!
Afinal estava escuro e tu não tinhas luzes...está certo!

Abraço

um homem na aldeia disse...

Não, não passa a ideia. Você interpreta dessa maneira porque, embora não querendo admitir, tem um preconceito para com quem prefere andar de capacete.
Além de não ler o que está escrito, pois lá está escrito que foi a pessoa que me acompanhou na viagem, e que originou o post que mereceu o seu comentário, que não se sentiu segura para pedalar na Marginal de noite sem luzes e sem capacete, não eu.
Estou neste momento em Dortmund onde muitos ciclistas usam capacete e muitos outros o não usam. Todos com que me cruzei circulam pelas ciclovias, apenas saindo delas onde não existem, e há por todo o lado! Acha que são todos preconceituosos por andarem de capacete fora da estrada? Acha que os que não usam capacete nas ciclovias o fazem porque não arriscam a estrada?
Na verdade não havia razão nenhuma para ter escrito o que escreveu. Se me permite, para além de paternalista, o seu comentário desvalorizou o mais importante, que é a
liberdade de cada um escolher como faz o seu caminho.
E ainda não foi capaz de reconhecer isso...
Foi um prazer dialogar consigo.

Gonças disse...

Olha..passou-se!

Agora já me conhece e tudo! brutal.

Ao menos fique contente por lhe ter felicitado pelo facto de colocar malta a pedalar para o trabalho...ou essa parte não leu?