Retirado do blog "menos um carro"

Campanhas de sensibilização? Não obrigado!
Depois do título-choque para chamar a atenção um esclarecimento, claro que não sou contra "campanhas de sensibilização" sobre mobilidade sustentável, acho é que elas devem ter um papel secundário. Fundamental, mas secundário.

Vem isto a propósito de muitos comentários que leio e oiço a propósito de problemas que têm obrigatoriamente que ser resolvidos por todos, como o ambiente e a mobilidade sustentável. Muitos que concordam comigo na análise dos problemas, insistem antes de mais que é necessário "mudar mentalidades", que as pessoas devem ser sensibilizadas para os impactos das suas decisões pessoais sobre os outros, como abusar do carro, desperdiçar energia, etc... Não digo que não, mas são três as razões porque eu acho que devemos começar ontem a penalizar quem toma atitudes contrários ao bem comum (portagens urbanas, impostos sobre os combustíveis, redução do estacionamento nas cidades, redução das velocidades, etc...), em vez de contar com as "campanhas de sensibilização".



1. Os resultados práticos deste apelo às consciências é como uma árvore acabada de plantar, só traz frutos - quando os traz - daqui muitos anos. E inicialmente pequenos e em pouca quantidade. E nós precisamos deles para ontem.

2. Promover o altruísmo, ou seja convencer parte da população a agir de acordo com a sua consciência ambiental, é fazer o justo pagar pelo pecador. O justo acarreta com os custos, e o pecador recolhe os frutos.

3. A "sensibilização" tem normalmente um sucesso limitado. Esqueçam os ambientes, as mobilidades sustentáveis, e essas esquisitices. Pensem em pessoas a passar fome, a viver na rua, sem acesso a cuidados de saúde. Nos EUA a população está muito mais sensibilizada para este tipo de caridade do que na Europa. Por lá há muitos que são voluntários, os milionários competem pela maior doação, e a "sensibilização" está em todo lado. Os americanos acham que os problemas sociais devem resolvidos por atitudes altruístas, mas na Europa estamos convencidos que deve ser a lei, e portanto o Estado, a fazê-lo, isto é a lei deve obrigar-nos a todos a contribuir. Alguém tem alguma dúvida que é bem melhor ser pobre na Europa do que nos EUA?



Do meu ponto de vista, as campanhas apenas servem para garantir que as mudanças que devem afectar todos sem excepção, são bem discutidas, bem formuladas, bem compreendidas e bem aceites.

Sem comentários: