Viajar sozinho é, para mim, meditar. O tempo transforma-se. Deixa a rigidez mecânica dos ponteiros de um relógio e passa a fracções relativas de espaço: o espaço que se estende diante de mim. O relógio fica sempre em casa. De corpo inerte e recurvado, a mente voa pelos recantos onde vivem as memórias passadas e antecipa as futuras. Entre dois pensamentos, uma quantidade surpreendente de quilómetros escorrem sob as rodas duma moto, um fluxo apenas interrompido pelas paragens para abastecer. Não me canso de viajar assim. Todo o tempo do mundo para pensar, repensar, refinar e apurar as ideias... em cima da moto e no silêncio grave do descanso. Poucas coisas me darão mais prazer. Como não prevejo tempo para escrever grandes crónicas num futuro próximo, nem tão pouco sou capaz de resumir as minhas ideias em meia dúzia de linhas, deixo-vos apenas com a frieza dos números (...)
28 dias de viagem
19 dias em trânsito
11000Km de moto
900Km de barco
20 países
3 furos
1 rolamento
Um grande abraço!
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